O Diabo Veste Prada... É isso, eu finalmente assisti o ícone

18 anos de vida e só agora o play foi dado e esse filme assistido. 

Admito que eu também tô chocado com a demora, mas isso não importa mais! Agora, inserido no contexto completo do filme, eu quero falar de muita coisa, inclusive sobre o Nate.

Antes de ir direto às minhas análises cheias de emoção (ódio) no coração, eu vou falar sobre como é incrível finalmente ter conseguido entender algumas referências e detalhes que antes eu não conseguia perceber.

O Diabo Veste Prada tem um grande significado pra cultura pop que vai desde Meg Cabot (foco em A Rainha da Fofoca em Nova York, que foi o único livro que li dela) até Darren Star (foco em Emily em Paris, que foi a série mais recente que eu assisti dele).

Em A Rainha da Fofoca (que é uma trilogia de livros, mas eu só tenho o segundo:) em Nova York, Lizzie tem um grupo de amigos muito semelhante ao de Andy — inclusive nos detalhes de como eles são e onde frequentam, até ela mesma é bem similar à Andy —, o que é interessante perceber porque na mais nova série do Darren, Emily em Paris, as similaridades não são bem com os personagens e suas cenas, mas mais às roupas de Emily e a transição de uma vestimenta para outra (que também destaca a influência de Sex and The City, que é outra criação de Darren), apesar de ser bem mais fraco e menos significante pra história do que no caso da Andrea ou da Carrie — o que eu poderia explicar depois, mas prefiro deixar isso pra galera que entenda mais de moda.

Ter esses insights assistindo ao filme foi algo super divertido e que o tornou ainda mais interessante para mim. Porque é aquilo, né, a gente pode até saber do impacto de algo, mas é diferente perceber esse impacto.

Enfim, agora falemos sobre o Nate. Se preparem que isso pode ser longo (ou desconfortável, porque eu vou tocar em feridas que muitas vertentes de uma luta social aí não estão prontas para conversar sobre).

Pensa aqui comigo: Você está namorando com alguém. É um namoro que já atingiu um nível de seriedade um pouco maior porque vocês moram juntos. Geralmente se supõe (especialmente com base na cultura estadunidense e como eles são com todas essas questões de relacionamentos) que seja um namoro em que as duas pessoas se conheçam há um bom tempinho aí e, portanto, possuam uma intimidade maior. Com intimidade, vem a liberdade (e a consciência) de se comunicarem além do básico, seja sobre as coisas que discordam uma da outra, se preocupam quando diz respeito uma a outra etc.

Entendeu onde eu tô indo com isso? Se não, não se preocupa que eu continuo.

Quando você conhece alguém há um bom tempo, você tem um nível de intimidade diferente com essa pessoa que você teria com quem acabou de conhecer. Não digo isso só em relação a namoros, mas amizades também, entre outras formas de relações. De qualquer forma, você conhece essa pessoa de uma maneira mais profunda, você percebe coisas que ela não perceberá sobre si mesma, coisas que, querendo o bem dela, você vai buscar alertar, buscar dar uma luz. Coisas essas que o Nate busca fazer pela Andy.

Ou seja: Não, ele não é esse vilão que vocês buscam pintar desde sempre.

E é isso que a Andrea entende no final. Ele não estava atrapalhando a carreira dela — tanto não tava que não falou metade do que poderia ter dito quando ela deixou de viver a própria vida pela da Miranda (coisa que nem deveria ter feito, pra começo de conversa. Ela era empregada, não escrava), nem sequer brigou como poderia ter brigado por ela ter perdido o aniversário dele —, ele se preocupava e se importava genuinamente com ela. É ridículo afirmar o contrário. (E isso não é dizendo que ele não podia ter optado por outras abordagens, mas aí já é uma questão muito pessoal porque, no meu caso, eu acho que ele agiu da melhor maneira dada as circunstâncias.)

Eu acho, de verdade, incrível como a Andrea se torna tudo que sempre criticou. Como ela aprende que agir como "diferente de todas as outras" não era um prêmio, uma conquista, nem a tornava melhor que todas as outras garotas e sim só pior, é genial. Eu acho incrível como pegam e subvertem toda essa noção da rivalidade feminina em algo produtivo, tão produtivo que no fim ela entende o Nate e se encontra nesse meio, onde ela não sacrifica quem é mas também junta tudo que descobriu amar em uma Andrea autêntica.

E é isso aí que as pessoas não entenderam. Elas não entenderam aquele final, não entenderam a crítica paralela que foi feita bem debaixo dos seus narizes com a frase da Andy para o Christian no meio do longa, mas aplicada no final (sobre "se ela fosse um homem, ela não seria criticada como é"), não entenderam que não era para ser uma justificativa (porque seria muito fácil).

Independente de quão Boa™ Miranda ache que é, ela não é (e isso nem é surpresa, certo?). E sabem por que? Porque se ela faz o que faz, inclusive ferir as pessoas da vida dela, com a justificativa (consciente ou não) que se fosse um homem "ele seria menos criticado", ela é podre. Uma justificativa para um comportamento cruel não apaga a crueldade dos atos, não torna okay ela fazer o que faz.

AGORA SEGURA ISSO NA CABEÇA E VEM COMIGO!

Em todo o momento que Andrea é confrontada durante a história, ela procura se justificar, o que muda nos últimos momentos do filme. E por quê? A Miranda e a Andrea são opostos. Isso fica claro na cena do carro, sendo ressaltado pelas escolhas que a Andrea fez no meio do caminho e pela última decisão que ela vai fazer — e assim marcar o futuro dela —, que apesar de Miranda usar o discurso de que a Andy "não é melhor que ninguém por se achar diferente de todas as outras garotas" lá no comecinho, é justamente isso que a Miranda vê sobre si mesma, que ela representa (sendo confirmado no cânone bem ali, no carro).

Miranda é a recusa para com a mudança e melhora, o que a Andrea seria se continuasse naquele trilho. Não à toa a decisão de jogar o celular fora e dar as costas (LITERALMENTE) pr'aquele caminho. Só que isso a gente já entendeu, né?

O que eu quero dizer com tudo isso é que enquanto vocês decidiram vilanizar (mais uma vez — e, de novo, sem o menor sentido) um homem (às vezes até num discursinho balela de maldade inerente ao homem que, preciso ressaltar, NÃO é legal), perderam toda a mensagem que o filme realmente queria passar.

é isso por hoje

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